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Sob o sol da Toscana

A cor da Toscana é diferente. É cálida, suave…

É uma grande região italiana limitada a noroeste pela Ligúria, ao norte pela Emília Romana, ao leste pela Úmbria e ao sul pelo Lácio, banhada pelo Mar da Ligúria e Mar Tirreno. Região montanhosa e encantadora,  tem como capital Florença, um dos berços universais da arte e do bom gosto, cheia de maravilhas arquitetônicas expostas ao ar livre. Um museu a céu aberto.

Toscana tem 22.997 km2 e aproximadamente 3,7 milhões de habitantes. Sua história começa com os etruscos, mas  teve muitas de suas cidades fundadas pelos romanos; algumas prosperaram tornando- se governos independentes exercidos por famílias ricas que disputavam  o poder sobre a região. No século XIII, quando a Igreja era um poder constituído, os toscanos sofreram com guerras entre guelfos – partidários do Papa – e gibelinos – que apoiavam o poder do imperador do Sacro Império Romano Germânico, na figura de Federico Barbarossa. Mas foi sob o domínio da família  Médici que Florença submeteu a maioria das cidades vizinhas e despertou o grande desenvolvimento das artes – a Renascença. Pode-se dizer que hoje não há lugar no mundo onde a concentração de obras de arte medievais e renascentistas seja maior do que na Toscana. Foi graças aos banqueiros Médici, a começar por Cosme e mais tarde com Lorenzo o Magnífico (para quem Maquiavel escreveu O Príncipe), que Florença viveu o esplendor artístico e ofereceu aos olhos do mundo   obras de Brunelleschi, Donatello, Filippo Lippi, Fra Angélico, Botticelli e Verrochio, além das dos famosos Michelangelo e Leonardo da Vinci. O museu Uffizi, a Galeria dos Ofícios onde os Médici trabalhavam , expõe obras da maioria dos artistas e é visita obrigatória.

A grande rival era Siena, próspero centro  comercial e financeiro dos séculos XII a XIV, que tomou partido dos gibelinos contra os guelfos de Florença. Contava com ricos cavaleiros que defendiam a cidade, como o prestigiado Guidoriccio da Fogliano retratado por Simone Martini e exposto no Palazzo Publico.  Já Pietro Ambrogio Lorenzetti, na mesma época conturbada, pintou as alegorias do Bom Governo e do Mau Governo, tão atuais nos dias de hoje e também expostas no Palazzo. Siena tem senão a mais bela, mas a mais encantadora das catedrais europeias, o Duomo, que com suas iluminuras, marchetaria em três cores de mármore e afrescos tem o poder de  surpreender qualquer visitante, e, bem pertinho dela fica a Piazza Del Campo onde ocorre o famoso Palio durante os meses de julho e agosto. Além de tudo, para acompanhar e rematar as visitas, Siena oferece queijos, embutidos e doces irresistíveis!

Mas a Toscana tem muito mais! Tem cidades menores ao longo do caminho montanhoso e pitoresco que  oferecem comida e vinho da casa de excelente qualidade e valem a visita. Tem Lucca – cidade murada e cheia de prazeres, Pisa – onde a torre é apenas uma das atrações, Arezzo – terra de Petrarca, San Gemigniano, Montepulciano, Fiesole (quem lembra do filme Sob o Sol da Toscana?), cada uma com sua atração singela e seus habitantes simpáticos e sem cerimônia, como todo bom italiano.

E tem Assis. Fica na Úmbria, no alto do Monte Subásio, com vista espetacular dos campos e das colinas em torno da cidade, e é um capítulo à parte. Terra de São Francisco e de  Santa Clara, cada canto e recanto conta uma história. Lá, a vida, a obra e os milagres dos santos parece que continuam a encantar e as pessoas percorrem a cidade como que conscientes de que estão num lugar especial… Os edifícios de pedra, os arcos, as escadarias, as pracinhas, muralhas e fontes,  restos da antiga fortaleza medieval, tudo tem mais ou menos o mesmo aspecto que na época em que São Francisco perambulava pelas colinas falando com passarinhos e amansando lobos. Um lugar para ser sentido. Foi em Assis que Giotto, um dos pais da perspectiva, fez belíssimos afrescos em uma capela dedicada ao santo. Nela, as paredes contam a vida e os milagres de Francisco e  têm o poder de transportar o visitante para aqueles acontecimentos. Eleva e emociona!

Quem quiser visitar as cidades da Toscana pode fazê-lo de trem, que é extremamente fácil e barato. Estando em Florença, é só ir à estação Santa Maria Novella e escolher o destino. Mas estando lá, não deixe de entrar na basílica e apreciar a Capela Gondii construída por Brunelleschi, o crucifixo de Giotto, as vidas da Virgem Maria e de São João Batista de Ghirlandaio,  a Trindade e a Expulsão do paraíso de Masaccio. Para um apreciador atento representam uma viagem no tempo que, queiramos ou não, está presente no imaginário de cada um, e que tem o poder de abstrair e despertar sentimentos nobres e elevados. Vale a tentativa!